O Palácio da Venaria Real (em italiano, Reggia di Venaria Reale) é uma das maiores residências reais do mundo. Declarado Patrimônio Mundial da UNESCO em 1997, fica a poucos quilômetros do centro de Turim, e é um passeio imperdível pra quem visita a cidade.
Sabe-se lá porquê não existe tanta divulgação ou publicidade em torno desse lugar. Quando você procura sobre “o que fazer em Turim”, poucos resultados levam à Venaria. Estávamos pesquisando no Pinterest algumas inspirações de fotos legais para fazer em Turim, quando nos deparamos com uma imagem desse lugar:
Pesquisamos, então, um pouco mais a fundo, e descobrimos um lugar cheio de história, rodeado por uma vista deslumbrante dos Alpes e, embora um pouco distante do centro de Turim, com acesso bem fácil.
Continue lendo esse post para saber um pouco mais sobre a história da Venaria Real, além de informações sobre a visita, preços e como chegar.
A CASA DE SAVÓIA
Não tem como falar da Venaria Real sem falar da Casa de Savóia, uma das mais antigas famílias nobres européias, e a mais importante da Itália (afinal, eles são a única dinastia do país). Aliás, não tem nem como falar de Turim sem mencionar os Savóia, tamanha a importância deles para a cidade.
Pois bem, o Palácio da Venaria Real foi uma das residências reais da tal Casa de Savóia. E olha, se tem uma coisa que os Savóia tinham, eram residências. Ao todo, são 22 palácios e castelos, 11 deles localizados no centro de Turim, e o restante distribuído ao redor da cidade.
O conjunto desses palácios em torno de Turim ficou conhecido como Coroa das Delícias (em italiano, Corone di Delizie), uma vez que a maior parte deles era dedicada ao lazer, às festas e à caça. Eles eram dispostos em maneira circular (lembrando uma coroa), envolvendo a capital de Piemonte (no caso, Turim), reafirmando ainda mais o papel central da monarquia absoluta.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Em 1675, a pedido do duque Carlos Emmanuel II, o arquiteto Amedeo di Castellamonte deu início ao projeto e construção do Palácio. A intenção era que ele fosse uma casa de campo da Família Real, e sua localização foi escolhida pelo duque devido à proximidade com uma grande floresta, cheia de animais selvagens. Daí vem o nome do Palácio, derivado da expressão Venatio Regia, que, em latim, significa “reino selvagem”.
A região, então, era o local perfeito para praticar o hobby principal dos homens da corte naquela época: a caça.
Em 1699, o novo duque Vittorio Amedeo II ordenou uma reforma para tornar o palácio ainda mais suntuoso. Foi então que os jardins foram redesenhados com perspectivas infinitas, seguindo o estilo da maior corte europeia — o Palácio de Versailles.
Em 1716, quando o duque se tornou rei, o complexo passou por uma nova ampliação. Dessa vez, o responsável pelo projeto foi um dos maiores arquitetos da época, Filippo Juvarra. (Já se acostuma com esse nome, você vai ouvir falar muito dele ao visitar os palácios do centro de Turim. Ele era um dos arquitetos mais famosos da região de Piemonte.)
Com a queda do Antigo Regime, o palácio caiu em desuso. E, com a chegada de Napoleão e consequente fuga da família real, acabou sendo transformado em quartel militar, sendo os jardins completamente destruídos para criar um campo de treinamento.
Mesmo após a queda de Napoleão, o complexo seguiu com propósitos militares, sendo utilizado pelo exército italiano até 1978, quando foi vendido ao Ministério da Cultura. Algumas fotos no museu do Palácio mostram como ele ficou completamente destruído após os bombardeios que sofreu na Segunda Guerra Mundial.
No final da década de 90 iniciou-se um processo de restauração que durou cerca de 8 anos, custou mais de 250 milhões de euros, e constitui o maior projeto de restauração da história da Europa.
O Palácio da Venaria Real foi, finalmente, aberto ao público em outubro de 2007, transformando-se em uma grande atração turística da região de Piemonte. Somente em 2017, a Venaria recebeu mais de 1 milhão de visitantes, tornando-o o sexto museu mais visitado da Itália.
VISITANDO O PALÁCIO DA VENARIA REAL
A visita começa por uma galeria quase subterrânea, que traça uma linha do tempo da dinastia Savóia e conta um pouco da história de Turim.
Uma coisa legal que percebemos é o fato de os museus de Turim serem mais ou menos interligados, e bem didáticos pra explicar os acontecimentos históricos. Em um determinado momento no museu da Venaria, tinha uma placa informando que, a partir daquele ponto, a história continuaria a ser contada no Museu do Risorgimento, por exemplo.
Um diferencial do museu da Venaria são as vídeo instalações, de autoria de Peter Greenaway, em diversas partes do Palácio, que ilustram como era o dia-a-dia dos funcionários e da família real. Embora às vezes um pouco difícil de entender o áudio, e algumas projeções um pouco confusas visualmente, a maioria cumpre a função de dar um pouco de vida às salas amplas e vazias do Palácio, e nos ajuda a ter uma noção melhor de como era o dia-a-dia numa propriedade dessas naquela época.
Outro ponto que nos chamou atenção, e ainda mais legal, é o fato de que, ao contrário de outros museus em Palácios, aqui você pode circular livremente pelas salas, e pelos quartos dos príncipes e nobres, como a gente mostrou nos stories do nosso Instagram (você já segue a gente por lá?).
O ponto alto da visita, como vocês já devem imaginar, é a foto que mencionamos logo no início do post, e que foi a grande responsável por termos descoberto sobre a Venaria Real: a Galleria Grande!
Esse corredor, de 80m de comprimento e mais de 40 janelas, ligava os aposentos do rei aos aposentos do príncipe herdeiro, e foi projetado — adivinha por quem? — pelo famoso Filippo Juvarra. Por mais que você veja várias fotos desse lugar, vê-lo pessoalmente continua sendo impressionante.
Outro destaque da visita são os Estábulos Reais, também projetados por ele, nosso amigo Filippo Juvarra, e são uma das partes mais legais. Lá você encontra o bucentauro (esse barco aí da foto) encomendado por Vittorio Amedeo II entre 1729 a 1731, e fabricado em Veneza. Fato curioso: essa é a única embarcação restante desse tipo.
Como todo museu que se preze, no final do percurso, você encontra uma lojinha de souvenires e um café, com uma vista linda para os jardins. O café não é tão absurdamente caro (só um pouco), então vale fazer um lanchinho ali, e uma pausa para recarregar as energias antes de seguir a visita pelos jardins.
Já adiantamos que é praticamente impossível conhecer tudo, a não ser que você passe o dia inteiro lá (e olha, mesmo assim, acho meio difícil, hein…). Então aproveite esse tempo para uma caminhada mais tranquila, admirando a vista para os Alpes, e — se der sorte de estar na época certa — aproveite para tomar um gelato! Tem uma gelateria nos jardins do Palácio, mas ela só funciona de maio a setembro, de sexta a domingo.
Se não conseguir pegar a gelateria aberta, não se preocupe! A cidade onde fica a Venaria Real, apesar de pequena, é muito charmosa, e tem vários cafés, restaurantes, bares e gelaterias na rua principal. Vale dar um passeio ao final da visita.
COMO CHEGAR
O Palácio de Venaria Reale está localizado na Piazza della Repubblica, no município de Venaria Reale, a 10km de Turim.
Existem algumas formas de chegar até lá. A mais simples é pegando o ônibus Venaria Express. Ele vai direto do centro de Turim (Piazza Vittorio Veneto e Piazza Castello) e da estação Porta Susa (Piazza XVIII Dicembre) para a Venaria.
O bilhete custa 1,70€ (o trecho) de terça a sexta. Sábado e Domingo, o valor sobe para 7€, e vale para o dia todo (no esquema hop on / hop off).
Você pode comprar o bilhete direto com o motorista, ou em alguma Tabacaria na cidade, e o ônibus passa mais ou menos de hora em hora. Aqui você pode ter mais informações sobre essa linha especial.
Outra opção é pegar a linha 11 do GTT (sistema de transporte de Turim), que passa em vários pontos na cidade. Foi o que nós fizemos, com a ajuda do Moovit, nosso app companheiro inseparável nos deslocamentos de viagem.
Se você não está familiarizado com esse app, ele funciona igual ao Google Maps, mas geralmente é mais preciso nas informações. A vantagem de usar esses aplicativos é que você pode traçar a rota de qualquer lugar que você estiver, e ele vai te dar as melhores opções de transporte para chegar ao seu destino.
Tem mais opções de trajetos, e mais informações, direto no site da Venaria Real.
INFORMAÇÕES PRÁTICAS
Deu pra perceber que a visita é longa, e tem muita coisa pra ver, né? Considerando o deslocamento do centro de Turim até lá, reserve pelo menos de 4 a 5 horas para visitar a Venaria Real.
O Palácio é aberto ao público de terça a sexta, das 9h30 às 17h30. Aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 19h.
De novembro a março, os Jardins fecham mais cedo: de terça a domingo, das 9h30 às 17h.
São vários tipos de ingressos, e você pode comprar direto na bilheteria, que fica fora do Palácio, na praça logo em frente.
- O bilhete completo (Palácio, Jardins e mostras temporárias) custa 25€ (e te dá 10% de desconto no café e alguns produtos da lojinha). Crianças de 6 a 15 anos, acompanhadas de 1 ou 2 adultos, pagam apenas 1€.
- O bilhete para acessar somente o Palácio e os Jardins custa 16€.
- Para visitar somente os Jardins, o valor é de 5€.
Para mais informações, consulte o site oficial da Venaria.