Mergulho na cratera de um vulcão

05/05/2018 | atualizado em 02/09/2020

05.05.2018 | data da viagem: 30.11.2017

O Havaí é uma das áreas de maior vulcanismo do mundo, e as ilhas que formam o arquipélago na verdade tem sua origem nos vulcões que lentamente emergiram do fundo do mar, ao longo de um processo de milhares de anos.

 

O Molokini é um desses vulcões, que entrou em erupção há cerca de 230.000 anos e é um dos 7 vulcões responsáveis pela formação da ilha de Maui, ainda na Era Cenozóica.

 

Hoje, o vulcão está com a maior parte do seu corpo submerso, sendo visível da superfície apenas uma parte do topo da sua cratera, que tem o formato de meia-lua, e é uma das formas mais lindas que já vimos na natureza.

 

Foto: divulgação

 

Mergulhar no Molokini é uma das principais atrações turísticas de Maui, e nós vivemos essa experiência com a Mike Severns Diving.

 

A saída para o mergulho é marcada bem cedo, porque de manhã o vento ainda está mais calmo, o que é mais favorável para o barco e o mergulho em si. Encontramos então o pessoal da Mike Severns às 6h na Kihei Boat Ramp, de onde é feita a saída para o Molokini.

 

O trajeto de barco é super rápido, e a equipe tem jaquetas corta-vento que ajudam a proteger do vento gelado que faz no caminho (Tatá friorenta aqui agradece! rs). Cerca de 15 minutos depois já estávamos cara-a-cara com o Molokini.

 

Mergulho em Maui - Molokini

Mergulho na cratera de um vulcão submerso.

 

O briefing da equipe foi bem legal, falando sobre todo tipo de vida que seria possível encontrar no mergulho. Estamos falando de uma reserva marinha protegida, que abriga mais de 250 espécies de peixes, e onde é comum também serem vistos pelágicos como raias mantas e tubarões baleia, além de várias espécies de peixes endêmicas do Molokini.

 

Já estávamos com a expectativa a mil quando caímos na água. Foi um mergulho bem tranquilo, com uma visibilidade acima de 20m, e tanto coral que mais parecia um tapete cobrindo todo o fundo do mar.

 

Mergulho em Maui - Molokini-4

Tapete de corais no Molokini (Maui, Havaí).

 

Uma das muitas vantagens de mergulhar no Molokini é que o formato da cratera proporciona um ambiente incrível para o mergulho, criando uma espécie de barreira contra vento e correntes fortes que ocasionalmente poderiam levantar areia e prejudicar a visibilidade.

 

Assim que descemos até o fundo (cerca de 18m), vimos várias enguias-de-jardim (Garden Eels): animais que vivem em grupo e dentro de buracos tubulares na areia. Parece um jardim de minhoquinhas! Não conseguimos tirar foto, porque quando nos aproximávamos, elas rapidamente se escondiam, mas no vídeo dá pra ter uma ideia de como elas são:

Infelizmente não vimos nenhuma raia manta nem tubarões baleia (eles são realmente muito raros e extremamente difícil de serem encontrados na natureza), mas a sensação de estar mergulhando em um vulcão submerso era o que tornava tudo ainda mais fascinante.

 

O segundo mergulho do dia foi no naufrágio de St. Anthony, afundado propositalmente em 1997 para incentivar a formação de coral e vida marinha na região sul de Maui. O barco foi, na verdade, a última adição ao recife artificial que já existia na região, formado por pneus de carro, dispostos em filas e atracados a placas de concreto, evitando assim a sua dispersão no oceano e formando mini túneis que servem de abrigo para muita vida marinha.

 

Mergulho no naufrágio de St Anthony (Maui - Havaí).

Mergulho no naufrágio de St Anthony (Maui – Havaí).

 

Hoje, o lugar abriga mais de 60 espécies de peixes. Sem falar nas tartarugas que praticamente moram no barco, e o pessoal da Mike Severns Diving sabe exatamente onde encontrá-las. 😉

 

Vimos um tubarão-de-recife (Whitetip Reef Shark) assim que descemos, no meio do “recife de pneus”, além de várias moréias escondidas nos túneis formados.

 

Mergulho em Maui - St Anthony

Tubarão-de-recife no meio dos túneis de pneus.

 

Sobre esse “recife de pneus”, gostaríamos de levantar aqui a controvérsia que existe pelo fato de que a borracha dos pneus poderia eliminar certas substâncias que seriam nocivas para a salubridade do ambiente marinho.

 

Quando essa questão nos foi levantada (numa das fotos sobre esse mergulho que postamos no nosso Instagram), fomos pesquisar e, pra sermos sinceros, não encontramos lá muita informação a esse respeito. Aliás, se você souber de algum dado ou estudo nesse sentido, conta pra gente aqui nos comentários e nos ajude a entender melhor essa questão.

 

Chegamos a ler sobre algumas tentativas desastrosas de formação de recifes de pneus (como a que aconteceu na Flórida, na década de 70), em que nunca se observou formação de corais e os pneus eventualmente se desprenderam e ficaram flutuando no oceano, virando um lixo difícil de ser controlado ou revertido.

 

Porém, olhando para o recife formado no sul de Maui, vemos que corais já começaram a se formar em volta dos pneus, e há muita vida marinha utilizando o local como casa. Isso nos leva a pensar que talvez essa iniciativa tenha sido bem sucedida em sua missão.

 

Mergulho em Maui - St Anthony

Naufrágio St Anthony, na região do Molokini (Maui / Havaí).

 

Além disso, esse recife foi criado entre 1985 e 1991, numa época em que possivelmente não existiam muitos estudos nesse sentido, e, por mais que a combinação pneu + ambiente marinho não seja a mais saudável que existe, qualquer movimento para se retirar os pneus do local hoje, será muito mais nocivo para a vida marinha que já se estabeleceu ali, do que simplesmente deixá-los onde estão.

 

Por isso, acreditamos que, para o presente e o futuro, deve-se haver um estudo mais detalhado e cuidadoso antes da criação de um recife artificial, levando em consideração o tipo de material que está sendo submerso e o comportamento desse material a curto, médio e longo prazos. A vida marinha e os oceanos agradecem!

 

Mergulhos aprovados!

 

Já conhece o nosso Instagram e a nossa página do Facebook? Não deixe de seguir a gente por lá também, e se inscreva no nosso canal do YouTube para ver todos os nossos vídeos.

LOG BOOK Molokini (Maui, Hawaii)

#1 MOLOKINI CRATER

Data: 30/11/2017 07h45

Profundidade Máx.: 24.2m

Profundidade Média: 16m

Temperatura da água: 26o C

Duração do mergulho: 50min

#2 ST ANTHONY’S WRECK

Data: 30/11/2017 09h46

Profundidade Máx.: 19.1m

Profundidade Média: 16.4m

Temperatura da água: 26o C

Duração do mergulho: 40min

* Nossos mergulhos na ilha de Maui foram uma parceria com a Mike Severns Diving. Agradecemos o apoio, e ressaltamos que, independente disso, o conteúdo deste post reflete nossas opiniões pessoais, sinceras e baseadas na nossa experiência.

Gostou do post e quer salvar pra ver de novo mais tarde? Salva a imagem abaixo no Pinterest, aproveita e segue a gente por lá também! 😉

pinterest

Deixe uma resposta

Olá! Somos Tammíris e Rafael,
um casal de mergulhadores que
deu a volta ao mundo e criou
esse blog para compartilhar as
experiências de viagem
e mergulho, enquanto seguimos
na busca por um novo estilo de
vida, com mais qualidade,
menos stress e mais contato
com a natureza.

PUBLICIDADE

ENCONTRE NO SITE

NOSSOS PARCEIROS

Receba um CONTEÚDO EXCLUSIVO